Da Amazónia à Patagónia
PL
Luís Sepúlveda deixou de me ser indiferente quando li o O velho que lia romances de amor. Uma história simples sobre a brutalidade humana, contada numa linguagem terna e cativante. O cenário, uma aldeia selvagem no interior da Amazónia. Uma tribo indígena. Um animal acossado. E um velho que lê romances de amor. Nada mais improvável. Nada mais bonito. Por entre as maravilhosas paisagens amazónicas. É também um livro sobre o prazer da leitura. Numa narrativa essencialmente descritiva a história surge-nos sem grandes sobressaltos literários, com uma agradável cadência, que não satura nem cansa numa leitura contínua.
Em 2017 publiquei este pequeno texto a propósito deste grande escritor. Olhava o mar que sereno absorvia a minha atenção. Toda uma imensidão azul com pequenos raios de espuma branca sempre que uma tímida onda ousava mostrar-se lembrava-me as férias na amazónia e a viagem de barco pelo rio Negro ao encontro das águas com o rio Solimões e pelo Amazonas abaixo, com fabulosas paisagens de terra virgem e uma diversidade inimaginável de duma natureza fervilhante de vida.
Mas foi com Sepúlveda que conheci a Patagónia. Chileno de nascimento, não poderia deixar de exaltar outra das maravilhas naturais do planeta. Vários romances com histórias que lá se passaram mostraram-me a Patagónia na sua forma mais pura. Se Chatwin a descreveu, Sepúlveda enalteceu-a.
Ficamos mais pobres mas a riqueza literária perdurará.