Será tempo de parar!?
PL
É vertiginosa a rapidez com que se aproxima 2025.
Ano após ano repetimos promessas, para o ano é que vai ser, mas a volta é sempre de 360º. Ficam palavras esquecidas, frases não ditas, coisas por fazer. Os textos que não escrevi, a música que não ouvi, o filme que não vi e o livro que não li. Esqueço-me, escondido no amor que tenho aos meus filhos e à minha mulher, que lhes digo ao anoitecer, atrás do beijo de boa noite. Não sempre mas amiúde. E deito-me a pensar em tudo aquilo que não fiz.
Talvez seja a altura de não deixar nada por dizer, mas de que valerá?
Cabrita Reis vai fazer uma ponte nos jardins de Serralves, enfim… Será tão má como A Linha do mar? As músicas da Bárbara Tinoco são todas iguais. E a originalidade dos filmes de Natal perdeu-se no século passado. A Casa dos Segredos tem elevados níveis de audiência e a Cristina Ferreira continua a berrar na TVI.
A mediania e a mediocridade instalaram-se e a futilidade impera. Trocaram-se os livros pelo Facebook e as séries pelo TikTok. As reuniões são on-line e as conversas pelo Whatsapp. As pessoas não se juntam. Beber um copo é fundamental. Trocar ideias, contar piadas, conviver.
Os jovens vêem The Office e Friends, e outras séries com alguns anos. Pergunto-me porquê? E até os Morangos com açúcar perderam toda a virtude. Há agora um fastfood televisivo trazido por qualquer motoreta Ubereats em velocidade estonteante atravessando a mente juvenil da mesma forma como atravessa perigosos cruzamentos e rotundas, deixando o mais sensato perplexo e assustado.
Vêem-se instalações nos museus de arte moderna em que, nem após a leitura exaustiva das explicações, se vislumbra o artístico. E perdem-se as tradições seculares porque já ninguém as transmite aos mais novos. O que eu chamo de “a importância do histórico”. Destrói-se porque não se sabe porque se construiu e o pior, é que nem se quer saber.
Mas ainda bem que não percebo nada de arte. Assim posso dizer todos os disparates que me apetecer.
Ouço Cassandra Kubinsky e Sawyer Fredericks, Burn it down.
É preciso ter um caos dentro de si para gerar uma estrela cintilante.
Sinto o caos, mas não gero a estrela.