Requiem
PL
O dia, nascido soalheiro e beijado por uma leve e constante brisa, pedia uma breve pausa no trabalho aturado frente às amargas e secas páginas dum texto que parece sem fim, sem fio e quiçá sem futuro.
Sentado na cadeira branca da varanda fechei as pálpebras e deixei descansar os olhos livrando-os quer da claridade do ecrã quer da claridade solar. Tanta coisa podia ter florido no pensamento. A thousand beautiful things, como ouço amiúde Annie Lennox.
Surgiu Berlioz e o seu Requiem. Talvez com algum motivo.
A Grande Messe des Mortse a Orquestra Sinfónica de Boston sob a batuta de Seiji Ozawa e o fabuloso Tanglewood Festival Chorus.
O peso da obra surge com os violinos iniciais adensando-se com o avanço dos movimentos. A orquestra suspende-se para ouvir a cappelao quinto suave movimento. A delicadeza do Sanctuspartilhada pela sublime voz de tenor e as cristalinas vozes femininas elevam a grandeza do hino litúrgico, seguindo-se no movimento décimo o Agnus Dei, lento, pesado e pleno de significado.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, miserere nobis.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, dona nobis pacem.
Compositor francês do período romântico, Berlioz é talvez mais conhecido pelas pessoas em geral pelas suas obras sinfónicas Roméo et Julietou a Sinfonia Fantástica.
Pareceu-me importante sair do status quo mozartiano do talvez mais conhecido Requiem e abrir as portas a outros menos conhecidos e igualmente maravilhosos.
Mas o dia pedia fervorosamente algo diferente.
Ouvi , então, Mark Knopfler “Romeo and Juliet”, talvez com algum motivo...