Morning Jazz
PL
Ainda a madrugada lentamente dava lugar aos primeiros raios de sol quando pus a água a aquecer para o matinal chá preto dissuasor de qualquer resto de sonolência que teimasse persistir.
Nas notícias, como sempre, nada de jeito e a opção foi a música. O sol prometia-se bom ancorando mais um simpático dia de férias, deixando antever uma caminhada junto à praia. Highway rider de Brad Mehldau foi a escolha inconsciente enquanto vagueava os olhos pelas inúmeras solicitações de livros de verão anunciados, novos e republicados, agora em período de aclamada feira do livro. Talvez passe por lá.
Highway rider é uma estrada que deve ser percorrida, que conta, entre outros, com o saxofone de Joshua Redman. Lançado em 2010 mantém uma sonoridade actual, desenvolvendo-se ao longo dos temas como uma viagem com altos e baixos, mas aprazível e enriquecedora.
A ménage a trois completa-se com uma leitura. Sol, música, livros. A escolha recai em Calvino e Se numa noite de inverno um viajante. E porque não numa noite de verão uma viajante? Sem bagagem, só o sorriso.
“A estupidez é de todos os tempos, mas cada tempo tem a sua estupidez” lê-se algures no segundo número da Electra.
Dar a primazia à opinião da influencer em detrimento da do especialista tornou-se numa das mais vulgares estupidezes atuais. Não ver os sinais que vão sendo dados, inicialmente de forma subtil, mas rapidamente ostensivos e inegáveis é outra forma de estupidez.
No mesmo número da Electra podemos ler mais adiante, “Deixem-me perguntar-vos uma coisa: alguma vez conheceram um ser verdadeiramente maduro ...? É possível que haja estados humanos de excepção aqui e ali, mas também estes mostram uma tendência para resvalar na imaturidade.”
A propósito, eu não gosto das obras do Pedro Cabrita Reis. Pode ser uma estupidez ... Pasme-se!