Meditação
Ama-me,
Talvez não haja amanhã.
A luz que me ilumina
Rápido se desvanecerá.
Lenta morte,
Não de corpo mas de sorte,
Sorrateira se aproxima
Vinda de qualquer norte.
Sente meu corpo frio
A ansiar o teu regaço,
Calado e entorpecido
A pedir o teu abraço.
Sente a minha mente vazia,
Em teus olhos suspira
O doce sorriso que me serve de guia.
As águas turvas, os ventos bravios
A minha alma chamam
Como as sereias os navios.
Dá-me o alento,
Dá-me o sustento,
Dá-me a ilusão de um sentimento.
Tira-me da loucura
De te sentir ausente.
Dá-me a ternura
Dum amor presente.
Se houver amanhã,
Se o calor voltar,
Se eu tiver força para te abraçar.
Descerei ao mundo,
Sairei do fundo.
Regresso ao meu porto,
Ao meu abrigo,
À saudade que tenho
De estar contigo.