Gostos!...
Sempre detestei aquele cliché “gosto de toda a música desde que seja boa”. Eu não! Há muita música que eu não gosto independentemente de ser boa ou não. Como há muita música que eu gosto e que talvez se enquadre no conceito de música “não boa”.
Há várias questões que devem ser postas:
O que é “música boa” e o que é “música má”? E já agora, também há “música assim-assim” ? Que não é boa nem má... anda por aí algures e a malta vai decidindo se a classifica ou não. Vai-se tolerando. Não a ouvimos com prazer, mas também não mudamos de estação...
Quem define que a música é boa ou má? Quem faz música, quem critica música, quem ensina música, quem toca música ou quem apenas ouve música? Há aqueles que fazem mas não sabem criticar, há os que criticam mas não sabem tocar, há os que tocam mas não sabem fazer, há os que ensinam mas não sabem criticar, há os que criticam mas não sabem fazer, enfim há um conjunto de combinações entre a competência numas coisas e a incompetência noutras. E onde entra o gosto no meio disto tudo? Se é bom, tenho forçosamente que gostar? Ou posso não gostar? E tenho que não gostar do que é mau? Ou posso gostar? E para confundir ainda mais, deixem-me acrescentar o bonito. E é bonito? Mas é bonito porque eu gosto, ou é bonito porque é bom? E se é bom tem que ser bonito? Ou há músicas boas que não são bonitas? E as músicas más, são bonitas ou feias? E se forem más e bonitas? Ou boas e feias? E eu gosto porque é bom ou porque é bonito? Pode ser bonito e mau, bonito e bom, feio e mau ou feio e bom... Isto é um bocado complicado.
De que forma é que nós condicionamos o nosso gosto? Gostamos do que é bonito ou aprendemos a gostar do que é bom? E quando começamos a gostar do que é bom, isso condiciona o que começamos a achar que é bonito? Há algum tipo de relação entre o bom e o bonito? Há algum tipo de condicionamento, quando começamos a distinguir o bom do mau, relativamente ao bonito e feio? O que hoje é bom ou bonito, amanha pode ser mau ou feio? O que gostamos agora é o que gostamos sempre ou hoje gostamos de coisas não gostávamos anteriormente? E no futuro manteremos os mesmos gostos? Ou vamos mudá-los? E se os mudarmos é por quê? Porque somos mais velhos? Porque temos outras experiências? Porque adquirimos ou perdemos sabedoria? Porque o estado de espírito muda? Porque o dia-a-dia é diferente?
Já não tenho paciência para ouvir “mas olha que é muito bom...” quando digo “não gosto nada disto!”