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Lata de Conversas

Lata de Conversas

25
Abr17

Chá e amor

Paulo L

São já muitos anos de leituras. São já muitos livros digeridos, uns sofregamente outros devagar e outros ainda a muito custo. Gostava de falar de todos mas a memória já não ajuda. Todos os comentários que tenho feito são fruto do que me vou lembrando, daquilo que de melhor e de pior fui retendo e que o meu subconsciente se esforça por manter à tona, não deixando cair no esquecimento total. E por isso, por vezes, afloro o tema não o desenvolvendo como gostaria porque isso me iria obrigar a reler muitas das passagens das centenas de livros já consumidos. Mas como um dos meus objectivos é lembrar algumas das coisas que gostei, despertando o interesse do leitor, um simples comentário poderá ser suficiente e por vezes mais produtivo.

Ao longo destes anos não pude ficar indiferente a livros como O Perfume, A fogueira das vaidades, Mentira, Shalimar o palhaço, A casa do pó, A mancha humana, As velas ardem até ao fim, Terapia, entre muitos outros. São livros que certamente falarei no decorrer destes textos. São livros de que me lembrarei mais, me lembrarei menos, mas que marcaram a minha forma de pensar, de sentir, de ver o mundo e de me relacionar.

Estou sentado no meu escritório, a percorrer a estante com um olhar rápido, tentando buscar mais memórias e reparo que não encontro a Fogueira das vaidades. Começo a pensar que mais livros não encontrarei e a pensar onde estarão... E no meio desta procura descubro um livro que já não me lembrava de o ter lido, Chá e amor de Yasunari Kawabata. Vou voltar a lê-lo. Estranhamente a sua recordação não se manteve à tona, caiu no mais puro esquecimento. E porque falo dele agora? Porque há uns meses me foi dado Kyoto. Uma escrita com uma beleza floral, com uma delicadeza descritiva, onde a fusão do elemento humano com a natureza é feita duma forma absolutamente singular. A história de uma jovem adoptada, que tenta uma aproximação após ter encontrado casualmente a sua irmã gémea, criada num ambiente social muito diferente e que juntas vão descobrindo o brotar da sexualidade, passando por questões fundamentais na sociedade, como o passar das estações e as tradições culturais, num período pós retirada das tropas de ocupação americanas, com o inicio da ocidentalização do Japão e a liberalização dos costumes mais tradicionais levando a um confronto de valores entre o mais tradicional e o vanguardismo juvenil. Um livro a reter e que me vai fazer reler Chá e amor, mas só após dos outros dois livros de Kawabata já na calha, A casa das belas adormecidas e Terra de Neve.

E com o álbum a solo de Keith Jarrett, The melody at night, with you, como som de fundo à leitura de Kyoto ... que mais podemos querer?

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