Carta ao Pai Natal
PL
Pai Natal,
Talvez estejas cansado de ler tantas cartas. Pedidos e mais pedidos, certamente bizarros alguns. Conversemos apenas. Sobre o mar e as ondas, a espuma, as algas, o sargaço. Gosto de ver os pescadores a regressarem da faina. Gosto dos covos empilhados ao lado das boias, das redes estendidas. Gosto do cheiro da maresia. Que me dizes do mar, Pai Natal?
Na minha terra há mar e pescadores. Há peixe fresco e varinas, há música e folclore. A minha terra é uma terra alegre. Quando vens à minha terra?
Rodeio-me de livros e revistas, ouço jazz, clássica e pop.
Lá longe onde só há céu, as nuvens correm ordeiras e a lua mostra-se envergonhada. Parece que vai chover. Pelo menos o cinzento mesclado anuncia. Penso em nada com a mente preenchida por tudo. Nunca aprendi a fotografar a lua, apenas a guardar a sua claridade. Não conheço o som da lua. Debussy mostrou-nos o luar.