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Lata de Conversas

Lata de Conversas

02
Dez22

Loucura

Paulo L

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PL

 

A minha única diferença em relação a um homem louco é que eu não sou louco!

Aproveito a expressão de Dalí. Gosto da sua loucura. Da expressão artística, da excentricidade.  Gosto de Gala. Gosto dos seus jantares. Do exotismo, da opulência, da volúpia.

Gosto de van Gogh, gosto de “A noite estrelada”. Da sensação de olhar para aquelas estrelas e perceber um delírio visual sob um efeito psicotrópico.

Gosto de Munch e gosto de “O beijo” e gosto de “A Madona”, sensual, provocadora, misteriosa.

Gosto do surrealismo, do impressionismo e do expressionismo. Gosto das consonâncias e das dissonâncias.

Gosto de Beethoven e gosto de Hindemith.

Gosto cada vez mais dos loucos, por favor, deixem-me viver as minhas loucuras.

 

Trabalho ao som de música. Procurei nas minhas memórias um piano solo para fundo. Misha Alperin e At home. Por coincidência. Há coincidências, muitas até. Nasceu na Ucrânia, país fustigado. O lirismo dolorido, como foi descrito, que se ouve neste álbum tornou-se, infelizmente, atual. Medito nos temas, folheio os livros de trabalho, a música sobrepõe-se e o trabalho acumula-se. À tarde, que de tarde também é dia.  

18
Nov22

Ei !

Paulo L

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Perder-me nos teus braços
E ao som de beijos adormecer
No profundo do teu olhar,
Que de ternura me acalma
De beleza me enternece.
Em sonhos percorro o teu corpo
de petalas macias coberto,
Teus seios laranja menina
Teu ventre doce me acolhe.
Esqueço o tempo e viajo
Contigo para qualquer lugar.

25
Set22

A beleza dos tempos

Paulo L

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Umberto Eco defende que a beleza não é absoluta e imutável, assumindo aspetos diferentes consoante o período e a região. O debate estético é perpetuado no tempo. A representação da beleza assume a diferente imaginação artística, conceptual e pictórica, embora prendendo-se muitas vezes a razões de natureza  filosófica, económica ou política, mais do que  estética. A harmonia e a proporção da concepção clássica foram substituídas por novos estereótipos cujos padrões variam conforme o tema em questão. A integração ambiental e o minimalismo arquitectónico. A escolha apurada de materiais e representativismo das instalações. A botoxização facial e a magreza, por vezes excessiva, dos corpos femininos.

O feio surge como uma antítese do belo. As múltiplas definições de beleza ao longo dos séculos não foram acompanhadas por definições do feio. Mas há também um lado carinhoso, benevolente, enternecedor no feio. Se esteticamente é repugnante, assustador e merecedor de afastamento, o carácter enternecedor torna-o objecto de apreço e carinho. Atentemos nas figuras de Quasimodo e de Vincent, o corcunda e o monstro.  O mesmo já não acontece com Jean-Baptist Grenouille, personagem incapaz de obter um sentimento positivo que seja. A sua incessante busca pelo perfume doce, perfeito, belo é duma fealdade atroz.

A mudança do paradigma do belo e do feio é constante e evolui nas diferentes épocas, subjugado ao status quo vigente, muitas vezes definido por razões aleatórios fugindo do padrão estético convencional.

Orfeu desceu ao reino dos mortos para resgatar Eurídice. Cantou acompanhado pela sua lira e a magia da sua voz permitiu trazer de novo a sua ninfa. Mas cedo olhou para trás perdendo Eurídice de novo. E ficou na margem do rio sem comer ou dormir sete dias, vagueou pelo mundo até ser morto pelas mulheres de Trácia que já não aguentavam o seu desespero.

Gluck compôs a ópera num formato linear, simples e sóbrio dando primazia à acção dramática.

A perseverança ou, como agora é moda dizer, resiliência de Orfeu é um atributo bastante necessário no período atual, onde se confunde o importante com o acessório,  onde a aparência é melhor que a realidade, onde a capa de bom samaritano esconde a hipocrisia moral. Vivemos a necessidade de descer ao inferno. De trazermos a nossa Eurídice sem cairmos no erro de olhar para trás e desfazermos os sonhos que breve serão realidade.  A aplicação deste conceito serve ao campo pessoal, laboral, social, económico e político. Os exemplos multiplicam-se. Mas como Jean-Baptist Grenouille, sob a capa bonita da perfeição o estrago tem-se multiplicado e os exemplos seguidos são sempre os piores. Virar o azimute neste período é a mudança que se impõe e saber fazê-lo de modo adequado é fundamental. Orfeu cometeu dois erros, não acreditou e não soube viver a mudança.

Charlie Brown diz: Só se vive uma vez, Snoopy.

Ao que Snoopy responde: Errado! Só se morre uma vez. Vivemos todos os dias!

26
Ago22

Morning Jazz

Paulo L

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Ainda a madrugada lentamente dava lugar aos primeiros raios de sol quando pus a água a aquecer para o matinal chá preto dissuasor de qualquer resto de sonolência que teimasse persistir.

Nas notícias, como sempre, nada de jeito e a opção foi a música. O sol prometia-se bom ancorando mais um simpático dia de férias, deixando antever uma caminhada junto à praia. Highway rider de Brad Mehldau foi a escolha inconsciente enquanto vagueava os olhos pelas inúmeras solicitações de livros de verão anunciados, novos e republicados, agora em período de aclamada feira do livro. Talvez passe por lá.

Highway rider é uma estrada que deve ser percorrida, que conta, entre outros, com o saxofone de Joshua Redman. Lançado em 2010 mantém uma sonoridade actual, desenvolvendo-se ao longo dos temas como uma viagem com altos e baixos, mas aprazível e enriquecedora.

A ménage a trois completa-se com uma leitura. Sol, música, livros.  A escolha recai em Calvino e Se numa noite de inverno um viajante. E porque não numa noite de verão uma viajante? Sem bagagem, só o sorriso.

“A estupidez é de todos os tempos, mas cada tempo tem a sua estupidez” lê-se algures no segundo número da Electra.

Dar a primazia à opinião da influencer em detrimento da do especialista tornou-se numa das mais vulgares estupidezes atuais. Não ver os sinais que vão sendo dados, inicialmente de forma subtil, mas rapidamente ostensivos e inegáveis é outra forma de estupidez.

No mesmo número da Electra podemos ler mais adiante, “Deixem-me perguntar-vos uma coisa: alguma vez conheceram um ser verdadeiramente maduro ...? É possível que haja estados humanos de excepção aqui e ali, mas também estes mostram uma tendência para resvalar na imaturidade.”

A propósito, eu não gosto das obras do Pedro Cabrita Reis. Pode ser uma estupidez ... Pasme-se!

 

 

 

 

23
Jul22

Enquanto o chá arrefece

Paulo L

Sozinho, sentado na poltrona da sala que agora se habitua a uma regular companhia, mantenho distante o vazio olhar por detrás da fina pelicula que a lágrima deixou.

Vagueia o pensamento e as histórias vão passando, uma a uma, como as 55 cidades que Marco Polo descreve a Kublai Khan.  O relato do visionário viajante ao melancólico imperador nada tem de real, mas permite uma expansão de pensamento e a absorção dessa própria irrealidade como se da mais pura verdade se tratasse. A impossibilidade da constatação factual transforma a crença numa verdade imaginada, contudo nada tem de real. Assim se desenrola a acção de “As cidades invisíveis” de Italo Calvino.

A questão põe-se quando o contrário também é verdade. Por muito inverosímil que seja a história, ela é real. Precisamos de escutar o tempo; interpretar quais os sinais que trouxe e o que ainda terá para dizer. O futuro só será uma incógnita se não atentarmos ao passado. Chamo a atenção muitas vezes à importância que temos que dar ao histórico, não só não o pondo de lado, mas apreciá-lo na sua forma evolutiva. Quais os desenvolvimentos que teve e onde poderá vir a desaguar. E não esquecer isto é fundamental para a interpretação das ocorrências futuras.

Por casualidade entrei numa sala tendo imediatamente desviado o olhar para uma reprodução do “Jardim das delícias terrenas” do Hieronymus Bosch que é um quadro que eu gosto muito pela sua visualidade e representação. Se aqui falamos dos prazeres carnais e da loucura, viajando do paraíso ao inferno, nem sempre a vida se desenrola desta maneira e a mais insana atitude pode estar alicerçada no mais puro sentimento. É difícil de perceber, mas tem que ser entendido. Deixemos esta representação e passemos ao paralelismo gráfico. O conjunto abundante de elementos dispersa a interpretação do quadro para uma alegoria simbólica em que a representação de cada elemento se perde no todo, mostrando a ideia e não o pormenor.

Olhemos para Caravaggio e para a minha interpretação de muitos dos seus quadros. Vemos sempre um importante jogo de luz. Há descrições de que o pintor a primeira coisa que fazia ao preparar a cenário onde ia pintar era tapar todas as janelas deixando apenas passar a luz para as zonas do quadro onde as queria iluminadas. Aí pintava o que queria mostrar mantendo o resto numa tonalidade escura fazendo sobressair ainda mais a luminosidade do motivo. Chamar a atenção ao pormenor é também muito importante. Mas mostrar só o pormenor, nalgumas circunstâncias impede uma visão global. Mas se partirmos do ponto que nos é mostrado e expandirmos o olhar nas restantes direções vamos perceber os pormenores da subexposição. Eles estão lá, só não são captados na primeira apreciação. E tudo isto faz de Caravaggio um dos meus pintores preferidos.

O que têm em comum Calvino, Bosch e Caravaggio? Exatamente aquilo que não se vê no primeiro olhar, no primeiro comentário, no primeiro julgamento. Deixemos o tempo mostrar.

E o meu Bouddha Bleu leve, suave, com um toque de doçura e uma tonalidade azulada da folha foi arrefecendo ao ponto de ser apreciado em toda a sua plenitude.

 

14
Mai22

Hoje gostava de estar em Berlim

Paulo L

Hoje gostava de estar em Berlim.

Imagino o dia quente, um passeio tranquilo, uma cerveja numa esplanada, uma companhia fantástica e uma conversa abrangente e intimista.

Pessoas a circularem, sons e cores. A brisa que assobia morna e terna.

Berlim é agradável e apetecível.

Foi em Berlim que Mendelssohn fez a sua primeira apresentação em público. Tinha 9 anos. E foi entre Berlim e Leipzig que compôs o Concerto para violino e orquestra.

Para mim um dos mais bonitos e, por isso, um dos que mais vezes ouço. Como o de Max Bruch, que também passou por Berlim. Depends on the mood. Noutros dias opto pelo Concerto para violino e orquestra de Tchaikovsky. Quando o mood anda mais estranho ouço o de Philip Glass, que foi o que fiz hoje, interpretado por Gidon Kremer e pela Orquestra Filarmónica de Viena. Vale sempre a pena.

Para alternar com a biografia de Philip Roth ando a ler As pessoas invisíveis de José Carlos Barros que ganhou o Prémio Leya 2021. Curiosamente parte da história é passada em Berlim.

Talvez porque me sinta uma pessoa invisível ou talvez porque tudo me leva a Berlim, hoje gostava de estar em Berlim.

10
Abr22

Pequenas coisas

Paulo L

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PL

 

Ouvi por acaso, que pena que não tivesse sido por acaso, Little Things de Adrian Berenguer. Confesso, não conhecia. Confesso a minha grande ignorância musical contemporânea. Liguei-me a alguns períodos clássicos, com uma grande preponderância nos concertos para violino e orquestra, abracei algum jazz de fusão, nomeadamente o latin Jazz, em particular o Afro-Cuban jazz, retrocedi para o Traditional New Orleans jazz e daí saltei para o Jazz contemporâneo, se assim se pode chamar. Fui ouvindo coisas diferentes, alternativas, diriam alguns, contemplando sonoridades próprias, diferentes do que se pode enquadrar na música comercial, que enche programas de televisão e dá audiência às rádios, mas que não preenche as mentes inquietas, pelo menos a minha mente inquieta.

Alternando a leitura com a música, conjugando a leitura com a música e passando mesmo por períodos em que nem leitura nem música, esquecendo-me completamente da escrita lúdica, fui ouvir atentamente Berenguer e Immaterial.

Com uma sonoridade preenchida, matizada com tons alegres e melancólicos, chegamos a Little Things com um ternário em valsa rápida como a borboleta que não se deixa fotografar, saltando de flor em flor, cumprindo o seu solitário objetivo, colorindo o cenário com rastos multicolores.

Estou a ler O livro do chá de Kakuzo Okakura. Também o chá passou por diferentes períodos, evoluindo ao longo do tempo. O chá em tijolos era fervido, o chá em pó era batido e o chá em folhas era infundido. A Europa só conheceu o chá no final da dinastia Ming. O Japão, pelo contrário, conheceu o chá nos seus três formatos. Oriundo da China, ficou intimamente ligado ao Japão. Wenceslau de Moraes foi cônsul no Japão e escreveu O culto do chá. Foi-me oferecido há uns bons anos moldando-me o palato e enobrecendo-me o paladar, luxo que pratico nos dias mais frios, sem snobismos já que reservo para os dias mais quentes uma gélida e colorida cerveja.

São estas pequenas coisas que nos resgatam da vida ocupada e eletrizante, mas são também, como Serrat

Son aquellas pequeñas cosas...

Que te sonríen tristes y

Nos hacen que

Lloremos cuando

Nadie nos ve.

15
Jan22

Hoje falámos de música clássica, ou lá o que isso é, e não só

Paulo L

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PL

 

 

Não se fica indiferente ao Duplo Concerto para dois pianos e orquestra de Philip Glass.

Os conceitos musicais são complexos e longe de unanimes. Várias interpretações se têm dado ao conceito de música clássica, não gerando consenso entre os musicólogos.  Acontece o mesmo com o concerto, que varia do combate ao diálogo. Apesar de termos supostamente opostos na sua essência, adaptam-se, ambos, ao conceito que o concerto quer transmitir. Um instrumento e uma orquestra interagem. Complementando-se e contrapondo-se. Os vários períodos musicais vão-se distribuindo por estes dois cenários.

Encontro neste concerto de Glass uma teia complexa em que os dois pianos e a orquestra se assumem como um todo, misturando-se nas suas diferenças e constituindo uma só tela. Um painel único onde conseguimos individualizar cada uma das três partes não obstante a continuidade melódica do conjunto. E é o que Glass transmitiu quando disse que procurava uma dinâmica diferente da do período romântico, vendo a orquestra como uma extensão do piano e não subjugada ao seu domínio. E a conjugação harmónica da orquestra é bem patente. Apesar da fuga arquitetónica do período romântico, não deixamos de estar no romantismo da era moderna, com todas as suas vicissitudes.   

 

Continuo a não perceber nada da mente humana, o que não deixa de ser curioso, uma vez que todas as semanas vejo cérebros. Ou talvez perceba, sem o querer assumir ou aceitar.

 

Enquanto me deliciava a ouvir o concerto de Glass as imagens mentais que fazia eram as dos quadros de Edward Hopper. O que talvez seja um bocadinho antitético. A simbiose musical contrabalança a desconjugação da estética Hopperiana. Pintor da solidão e dos estranhos afetos teve sempre o meu profundo apreço. Soir Bleu, Nighthawks e Two on the Aisleforam sucedendo e entranhando o pensamento. As imagens tradutoras do sozinho rodeado de gente em concerto com a harmonia pianos orquestra.

 

Sim, não se fica indiferente.

12
Dez21

O labirinto do Minotauro ou O devaneio da incerteza

Paulo L

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PL

Não consigo explicar.

A beleza da escrita de Salman Rushdie sempre me fascinou. Poética, suculenta, preenchida de imagens retóricas num arco-íris de sensibilidade e dureza.

Dom Quixote de la Mancha, como é mais conhecido El ingenioso hidalgo Don Quixote de la Mancha, de Cervantes sempre me seduziu. Episódio curioso, que muito admirou um grande amigo, quando me disse, um dia há muitos anos, “escolhe um livro para te oferecer” e eu apareci-lhe com uma versão de bolso em 2 volumes do referido fidalgo da triste figura.

Melhor não poderia ter acontecido, pensei, com a simbiose de Rushdie e Don Quixote, traduzida em Quichotte.

 

Teseu entrou no labirinto para derrotar o Minotauro. Seth traiu Osíris, seu irmão, tendo sido necessária a intervenção Hórus. Lúcifer, transformado em dragão, derrotado pelo arcanjo Miguel. Deus e o diabo. 

O eterno conflito do bem contra o mal. Chris de Burgh cantou-o em Spanish Train– “But above his bed just a waiting for the dead, was the Devil with a twinkle in his eye”.

 

Ben Webster e Oscar Peterson tocam When your lover has gone. O saxofone e o piano numa harmonia constante.

 

Quichotte ainda não resultou. Há um ano que pego e largo o livro. Ainda não passei das primeiras páginas. De certeza que não é do livro.

Quichotte é vítima duma paixão impossível.

A luta constante entre a razão e o coração.  E os olhos vagueiam por tudo o que passa pela frente, sendo que muito vai passando pela frente, da mesma forma que a música vai surgindo errante e desconexa.

 

“Dou-te tristeza, ...,

a oiro no silêncio debruada”

surge num poema de António Franco Alexandre e procuro o que estou a ouvir e que me é desconhecido. Não gostei do título, apenas da música. Percebo que são umas peças orquestrais de Pierre Bertrand. Confesso a minha ignorância com as peças e o compositor. Doi-me saber que se intitulam Divorce.

 

Lembro-me do Jardim Botânico, onde deveria ter ido há muitos anos procurar uma flor. Talvez a flor mais bonita.

 

O pensamento não pára, a alma inquieta tenta perceber o que não consigo explicar.

 

Porque Quichotte não passa das primeiras páginas e porque canta Maria Bethânia porque tu me chegaste sem me dizer que vinhas.

 

 

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