Há dias e há dias assim
PL
Leio Jon Fosse e ouço Cacciapaglia.
A chuva assiste pela janela, incansável. Bate a compasso.
As dores no corpo do esforço excessivo de ontem mantêm-me preso ao sofá.
Sinto falta das habituais presenças de sábado à tarde.
Sigo o monólogo do homem que conduz sem destino, sentindo-me a acompanhá-lo, eu errático no pensamento, mas com a mesma dificuldade na certeza do caminho. As interrogações, muitas e constantes, acompanham o ritmo da bátega. Paro amiúde a leitura, quando o trecho musical assim me pede. Feliz chuva que me retém em casa. Aprecio o encadeamento do texto pela forma como me mantém preso ao fluxo de ideias, numa sequência de incertezas no meio de nada. A passagem ténue da realidade ao imaginário, sem o exagero descritivo do fantástico, mantém-nos no limiar do racional ajudado pelos constantes retornos à consciencialização do real, do conexo e do absurdo.
Yayoi Kusama é japonesa e artista. Andou pelo expressionismo abstrato e pela arte pop e, como agora muito em voga, valoriza o conceptual. A arte não é o que se vê, mas o que representa.
Faz-me confusão estas coisas modernas. Estou em dúvida se vou a Serralves.