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Lata de Conversas

Lata de Conversas

17
Abr20

Da Amazónia à Patagónia

Paulo L

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PL

 

Luís Sepúlveda deixou de me ser indiferente quando li o O velho que lia romances de amor. Uma história simples sobre a brutalidade humana, contada numa linguagem terna e cativante. O cenário, uma aldeia selvagem no interior da Amazónia. Uma tribo indígena. Um animal acossado. E um velho que lê romances de amor. Nada mais improvável. Nada mais bonito. Por entre as maravilhosas paisagens amazónicas. É também um livro sobre o prazer da leitura. Numa narrativa essencialmente descritiva a história surge-nos sem grandes sobressaltos literários, com uma agradável cadência, que não satura nem cansa numa leitura contínua. 

Em 2017 publiquei este pequeno texto a propósito deste grande escritor. Olhava o mar que sereno absorvia a minha atenção. Toda uma imensidão azul com pequenos raios de espuma branca sempre que uma tímida onda ousava mostrar-se lembrava-me as férias na amazónia e a viagem de barco pelo rio Negro ao encontro das águas com o rio Solimões e pelo Amazonas abaixo, com fabulosas paisagens de terra virgem e uma diversidade inimaginável de duma natureza fervilhante de vida.

Mas foi com Sepúlveda que conheci a Patagónia. Chileno de nascimento, não poderia deixar de exaltar outra das maravilhas naturais do planeta.  Vários romances  com histórias que lá se passaram mostraram-me a Patagónia na sua forma mais pura. Se Chatwin a descreveu, Sepúlveda enalteceu-a. 

Ficamos mais pobres mas a riqueza literária perdurará. 

11
Abr20

Em casa aproveitando O beco da liberdade

Paulo L

 

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PL

Uns dias por casa, por um bem maior, disponibilizam algum tempo, doutra forma impossível. Os trabalhos atrasados ganharam vida e os intervalos, um bocadinho mais longos, permitem devaneios culturais mais amiúde.

Reabilitam-se fotografias antigas, esquecidas pelos diferentes suportes informáticos. Relembram-se momentos vividos e emoções passadas.

A nostalgia musical vai dando lugar a novas descobertas. A leitura prolonga-se, descontraída, saborosa e o tempo lentamente desvanece até à urgência do regresso ao trabalho agora com dificuldades acrescidas pela necessidade de desligar do prazenteiro descanso.

Foi já neste ambiente de estranha monotonia quotidiana que peguei n’ O beco da liberdadede Laborinho Lúcio. Uma reflexão sobre o julgar, em várias vertentes do espectro humano, transmitida numa linguagem cuidada  com uma estrutura bipartida pelos períodos temporais definidos. A narrativa desenvolve-se com a cadência certa, não havendo tempos mortos nem desenvolvimentos rápidos, estando os aspectos reflexivos nas entrelinhas do componente descritivo. A vontade de absorver todo o conteúdo acelera a leitura e, sem se dar por isso, chega-se ao fim.

O último capítulo foi acompanhado por Charlie Haden e Gonzalo Rubalcaba nas suas soberbas interpretações ao vivo em Tokyo Adagio. O dialogo entre o baixo e o piano num tom moderado e num clima ameno de uma elegância singular, que perdurou tranquilo ao pousar do livro.

04
Abr20

Ellis, In his solitude

Paulo L

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PL

 

Morreu Ellis Marsalis.

O que dizer, quando tudo já foi dito!

Interprete fabuloso, foi pioneiro na transição duma forma muito clássica para um Jazz mais moderno. Não fugindo de certos conceitos mais tradicionalistas, reinventou os clássicos não se deixando influenciar por correntes paralelas e muito em voga como o Dixieland, por exemplo. Interprete, professor e influenciador, trouxe ao Jazz uma dinâmica única e trouxe ao público várias gerações de novos interpretes.

Dos seus quatro filhos músicos, Wynton e Branford são os que melhor conheço e que com regularidade ouço.  O trompete sempre enérgico de Wynton assenta numa prodigiosa improvisação, com uma forte base de blues e swing aliada a uma rigorosa mestria técnica. Branford optou por uma maior variedade de estilos, sucessivamente introduzidos chegando, tendo a música clássica ganhado um forte componente no seu universo musical. Foi com Eternal que me iniciei no seu saxofone. É com o seu concerto a solo na Grace Cathedral de São Francisco – In my solitude- que deixo a minha homenagem a Ellis Marsalis.

 

 

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