Do Latin Jazz ao Afro
Gosto de Gonzalo Rubalcaba.
Foi com Straight Ahead o meu primeiro contacto com Rubalcaba. Já lá vão muitos anos. Um som alegre, envolvente e cativador. Uma noite quente de verão. O swing cubano assume a sua máxima expressão. Não sem a doce melancolia de alguns temas a contrabalançar e a harmonizar em contraditório. Ao longo dos temas vamos alternando entre sons mais vivos com ritmos bailados e solos rítmicos, tecnicamente irrepreensíveis a mostrar toda a galhardia interpretativa. Sempre com uma sonoridade quente e muito dançante.
Seguiram-se outros álbuns, alguns a solo. Todos muito bons. Recordo as parcerias com Joe Lovano ou Charlie Haden.
Agora numa onda menos latina, mais colada ao jazz clássico, mantém no entanto permanentes fugas para a fusão com estilos emergentes.
Com uma sonoridade completamente diferente, e com uma estrutura harmónica muito mais complexa, tirando partido de inspiradas improvisações, surge, tardiamente para mim, Faith. Com uma sonoridade mais africana, mantém os ritmos quentes sul-americanos numa fusão intensa. Uma tonalidade místico-religiosa, muito presente no componente vocal, com timbres delicados mas fortes, apoiados na percussão em confronto com o saxofone, que tanto concorre como contrapõe.
Deixo estas duas sugestões para um domingo que, ao olhar pela janela, não sei como vai evoluir, mas que uma coisa é certa. Rubalcaba adequa-se ao emergente sol ou aos delicados pingos que chuva que possam surgir. De olhos fechados viajamos de Cuba a áfrica com a verdadeira certeza de que iremos sempre querer repetir.