Livros, ... sempre os livros
Se bem que não de um brilhantismo literário e com uma prosa narrativa pouco elaborada, este livro é de uma beleza temática e emocional supremas. As histórias que se cruzam, bem imaginadas, mostram-nos uma extremosa sensibilidade dos seus protagonistas. Histórias improváveis de gente improvável. Os seus protagonistas não podiam ser mais comuns e as suas histórias não podiam ser mais extraordinárias. O livro leva-nos por um caminho que eu não esperava. Ao começar a ler, talvez muito influenciado pela descrição da badana, contava com um desenvolvimento completamente diferente. Não melhor, não pior, simplesmente diferente. Fiquei agradavelmente surpreendido com este fio narrativo, onde fui encontrando sucessivas surpresas ao longo da viagem. Estou a falar de O leitor do comboio de Jean-Paul Didierlaurent. Lê-se de uma golfada, até porque o livro assim o pede. Não descansamos sem perceber o que vem depois. E o que vem depois é igualmente surpreendente. Quatro ou cinco histórias que se cruzam no mais belo da sua essência. O amor pelos outros, o amor pelos livros. Mais um livro que vale a pena ler. Mais um livro que enriquece. Mais um livro que nos surpreende.