Serão as revistas uma leitura menor? Claro que não!
Sou um adepto incondicional das revistas. As minhas opções andam, neste momento, pela Ler e pela Granta mais dedicadas às letras, O mundo da fotografia digital, no âmbito da fotografia, a National Geographic conjuntamente com as suas edições especiais, num contexto mais global, a Revista de História do Jornal de Notícias e, ocasionalmente, alguma outra que por qualquer motivo me chame a atenção. Já fui um leitor assíduo da La Aventura de la História e da História Y Vida, duas revistas espanholas dedicada a temas de história, que tinham uma particularidade muito engraçada. Contavam a história do ponto de vista espanhol o que, nos episódios relacionados com ambos os países ibéricos, as descrições, explicações e conclusões eram quase sempre diferentes daquelas que fomos aprendendo ao longo dos anos escolares, onde as proezas lusas eram magnificadas de tal forma que nos fomos habituando a ver alguns personagens históricos como muito perto dos semideuses gregos. Lembro-me duma descrição da ida de D. João VI para o Brasil. Tinha aprendido nas aulas de história que esta ida para o Brasil tinha sido uma brilhante estratégia política, permitindo um governo à distância e protegido das invasões napoleónicas. Pois um artigo numa destas revistas destruiu o meu romantismo histórico para com o Rei e a sua mulher, ao descrever D. João VI como tendo cobardemente fugido do país para garantir a sua sobrevivência e a necessidade de D. Carlota Joaquina ter de rapar o cabelo durante a viagem para o Brasil em resultado dum ataque infernal de piolhos. Diverti-me imenso a ler este episódio descrito por nuestros hermanos. O reduzido tempo que agora disponho levou-me a abandonar os aspectos históricos da civilização, concentrando-me mais na literatura, na música e na fotografia.
Aprecio bastante as entrevistas na Ler. Habitualmente pessoas interessantes com muito para contar. Tenho aprendido bastante e tenho alargado os meus horizontes em muitos capítulos, desde a escrita à composição gráfica. Pequenos pormenores a que passei a estar atento. Pequenas notícias que me mantém atualizado. Críticas que me mostram formas de pensar diferentes da minha e pontos de vista que nunca me teriam passado pela cabeça. Uma revista que aconselho a leitura. A Granta saiu um bocado aquém das minhas expectativas. Os textos dos autores estrangeiros, embora muito bons, são, a maior parte das vezes, já antigos, valendo alguns textos de autores nacionais contemporâneos, que vão divulgando algumas ideias que doutra forma não teriam onde as passar. As revistas de fotografia uso-as para uma aprendizagem autodidata, tentando melhorar um bocadinho a pouca qualidade que as minhas fotografias ainda vão tendo mas que, nalguns casos, já me vão satisfazendo. A National Geographic continua a dar-me o mesmo gozo a lê-la que me dava quando comecei a assiná-la, há muitos anos, ainda na sua versão original em inglês. A associação de textos bem escritos e construídos, com um interesse científico e cultural elevado a uma qualidade fotográfica soberba, que continua a ser um dos apanágios da revista, tornam a National Geographic um clássico a não perder.
Uma revista não substitui um livro. A leitura das revistas complementa a leitura dos livros. E há-as para todas as ocasiões.