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Lata de Conversas

Lata de Conversas

31
Jul23

Os clássicos, os outros e a inteligência artificial

Paulo L

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PL

 

Sempre me interroguei porque uns livros são os clássicos e outros não são senão livros. Como é feita a escolha, quem decide o cânone? Usei a inteligência artificial. Perguntei ao Chat GPT porque assim eram considerados.   A resposta foi a esperada. Entre outras, as razões são o valor literário, a influência cultural, o reflexo histórico, a longevidade, a contribuição ao cânone literário, o apelo intemporal.

Li livros que permanecem na alma, que poderiam cumprir o preceito, mas que desapareceram do mundo. Que sugiro, aconselho, mas já não existem, habitando apenas em pequenas ou vulgares bibliotecas de uma meia dúzia de incautos ou privilegiados que os compraram num assomo de sorte, numa obra do acaso ou num conselho momentâneo e assertivo num espaço curto e volátil de tempo.

Há muito tempo, tanto que se fosse um conto de fadas, poderia dizer há muito, muito tempo, li Mentira de Enrique de Hériz. Uma narrativa sublime, um tema intemporal. A morte, o esquecimento, o faz de conta, as mentiras que vão alimentando a vida. Não há reedições, não consigo voltar a oferecer.

Alguns anos mais tarde chegou-me à mão, numa saborosa oferta duma familiar, A casa de papelde Carlos Maria Dominguez. Um livro pequenino de leitura breve. Fala de livros e da forma como podem mudar a vida das pessoas. Fala das bibliotecas, fala do destino. Quis oferecer, encontrei um exemplar no OLX. Fortúnio de um momento de desesperada procura. Lembro-me dos primeiros dois que ofereci, numa pilha de vários no balcão da Bertrand do centro comercial. Devia tê-los comprado todos. Esgotado e não disponível.

Pululam nos destaques das livrarias e editoras relançamentos dos clássicosde alguém, do cânone que outro alguém decidiu perpetuar. Vivemos numa época em que é perigoso pensar, arriscado decidir, por em causa o status quo. Relançar os clássicos é simples, é seguro, não obriga a pensar, não é necessário decidir.

 

Bestial ou besta, dependendo dos pontos de vista, vai variando a inteligência artificial e a sua sigla IA ou AI de acordo com a preferência nacional ou anglo-saxónica do utilizador. Assumimos a IA como o somatório revisto e aumentado da IN. Sigla que atribuo a inteligência natural, atributo que vi escasseando mas que espero ainda não em vias de extinção. Ao perguntarmos ao Chat GPT o que é a IA, entre outras coisas diz-nos que envolve tarefas como o raciocínio e a tomada de decisões. Uma complexificação computorizada da IN, acrescento. Estão a ser desenvolvidas redes neuronais profundas cada vez maiores em plataformas computacionais, pode ler-se noutro local. A rede neuronal humana é infinitamente mais complexa. Da mesma forma que dizem que o homem criou Deus, mas será que foi Deus que criou o homem? O homem criou a inteligência artificial, o que irá criar a inteligência artificial?

Somos providos de 5 sentidos. As minhas tomadas de decisão baseiam-se na aprendizagem, na experiência, nos erros cometidos e na sensibilidade com que uso os meus 5 sentidos, tarefa que vejo muito distante a qualquer poderoso computador.

 

A lua está crescente, amanhã será lua cheia, talvez me transforme num lobisomem.

22
Abr23

Aliteracia – termo obtuso num país de intelectuais

Paulo L

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PL

Podia ser na mesa da esplanada de sempre ou na mesa duma esplanada qualquer, onde a diferença não se nota pela indiferença de tudo o que passa. A pressão sente-se na cerveja que tarda em chegar, no calor impróprio de Abril, nos decotes tatuados que tentam fugir de coloridos soutiens reduzidos e amarrotados. Passam personagens vestidos de anime, outros apenas de forma bizarra. Cabelos vermelhos, promoção de cabeleireiro, desfilam vaidosos na marginal. Não sei interpretar o que vejo. As tatuagens, as unhas de gel, os cabelos coloridos, A aliteracia social que me ataca feroz deixa-me inquieto. Reconheço que talvez seja eu a levar a espingarda no ombro errado.

 

Orchestral Drama  é uma compilação. Sonoridade agreste que contrasta com o mar tranquilo, interminavelmente azul, espraiando-se na areia dourada pelo sol. Ao longe a linha vincada do horizonte onde os dois azuis combinam num imenso abraço. Por momentos pensei que o mar acabava ali e se pudesse dar mais um passo caía do mundo. A música devolveu-me a realidade.

 

Li a crónica de Isabel Lucas – A casa.

Faz-me falta a minha máquina fotográfica.

 

24
Fev23

A beleza dos dias

Paulo L

 

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Olho para a fotografia de Helmut Newton. O erotismo latente desperta-me a atenção. O corpete, a posição da cabeça, as mãos nos seios que sobressaem. Olho para o túmulo atrás. Um homem segura uma cabeça. O túmulo é de Fernand Arbelot. Arbelot a contemplar para sempre o rosto da mulher. Escondido atrás da jovem o túmulo de François-Joseph Talma. Mas é o primeiro plano que retém a atenção. A sensualidade surge associada a vários aspetos. O escuro da roupa, a pressão nos seios que saem do corpete, o olhar para baixo que oculta os olhos. Porque olha a jovem os seios premidos pelos dedos?

A beleza da ideia esfuma-se na beleza da jovem modelo produzindo uma dissemelhança na paisagem global. A modificação do ponto de interesse é feita de forma subtil pela colocação da jovem no primeiro plano, sendo titulada a fotografia pelo elemento menos perceptível. A reeducação sensorial remete, de outra forma, para o erotismo latente, não substituindo a sensualidade expressa. Foquemo-nos no global.

Ouço Pierre Bertrand no meu aparelho de som. Transporta-me dentro de um imaginário musical bucólico-idealista extracanónico. Deixo sublimar os pensamentos autodestrutivos associando os dois padrões de beleza.

O copo de um bom vinho está ali, disponível. Monte Xisto. Touriga Franca e Touriga Nacional com um pouco de Sousão. Um Douro com um corpo acolhedor. Perco-me no tempo. Lembro-me que tenho que mudar o meu aparelho de som.

22
Jan23

Noites de tempestade

Paulo L

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PL

 

Não sei se há uma hora específica de almoço. Aliás, não sei se há horas específicas para alguma coisa. Mas, numa ordeira combinação de tempos, troquei o que deveria ser a hora de almoço por um aprazível período que dediquei a ouvir música, sendo que não o fazia há algum tempo.

Também há muito que não saboreio um tinto verdadeiramente encorpado e aromático.

Talvez tivesse chegado a altura. Faltava apenas qualquer coisa para ler, quiçá uma companhia também, apreciada em silêncio, de sorriso pronto e olhar enternecedor.

A playlist ia tocando aleatória escolhida pela moderna inteligência artificial supondo-se a meu gosto, mas errando amiúde.

Fui folheando e lendo algumas passagens de Le  vin & La Musique – Accords et Désaccords. A constante simbiose do vinho e da música, ao longo dos tempos e nas suas várias vertentes.

Apeteceu-me abrir a derradeira Quinta do Monte Xisto.  Touriga Nacional, Touriga Francesa e Sousão.  Equilíbrio perfeito. Um excelente vinho.

A memória transportou-me a Karen Blixen e à A festa de Babette. A gratidão e o apreço. Um conto cheio de sensibilidade.

Babette chega numa noite de tempestade. Talvez as noites de tempestade sejam boas para se chegar. Talvez sejam boas também para partir. A tempestade traz a mudança, depois da tempestade vem a bonança.

Termina hoje a exposição de Steve McCurry.  Saí com a minha máquina. Saio muitas vezes com a minha máquina. Disparo incessantemente sobre os vários motivos que vão surgindo. A luz matinal adequa-se, mas é o preto e branco que me preenche a alma.

Como eu gostava de uma noite de tempestade para a poder fotografar.

02
Dez22

Loucura

Paulo L

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PL

 

A minha única diferença em relação a um homem louco é que eu não sou louco!

Aproveito a expressão de Dalí. Gosto da sua loucura. Da expressão artística, da excentricidade.  Gosto de Gala. Gosto dos seus jantares. Do exotismo, da opulência, da volúpia.

Gosto de van Gogh, gosto de “A noite estrelada”. Da sensação de olhar para aquelas estrelas e perceber um delírio visual sob um efeito psicotrópico.

Gosto de Munch e gosto de “O beijo” e gosto de “A Madona”, sensual, provocadora, misteriosa.

Gosto do surrealismo, do impressionismo e do expressionismo. Gosto das consonâncias e das dissonâncias.

Gosto de Beethoven e gosto de Hindemith.

Gosto cada vez mais dos loucos, por favor, deixem-me viver as minhas loucuras.

 

Trabalho ao som de música. Procurei nas minhas memórias um piano solo para fundo. Misha Alperin e At home. Por coincidência. Há coincidências, muitas até. Nasceu na Ucrânia, país fustigado. O lirismo dolorido, como foi descrito, que se ouve neste álbum tornou-se, infelizmente, atual. Medito nos temas, folheio os livros de trabalho, a música sobrepõe-se e o trabalho acumula-se. À tarde, que de tarde também é dia.  

18
Nov22

Ei !

Paulo L

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Perder-me nos teus braços
E ao som de beijos adormecer
No profundo do teu olhar,
Que de ternura me acalma
De beleza me enternece.
Em sonhos percorro o teu corpo
de petalas macias coberto,
Teus seios laranja menina
Teu ventre doce me acolhe.
Esqueço o tempo e viajo
Contigo para qualquer lugar.

25
Set22

A beleza dos tempos

Paulo L

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Umberto Eco defende que a beleza não é absoluta e imutável, assumindo aspetos diferentes consoante o período e a região. O debate estético é perpetuado no tempo. A representação da beleza assume a diferente imaginação artística, conceptual e pictórica, embora prendendo-se muitas vezes a razões de natureza  filosófica, económica ou política, mais do que  estética. A harmonia e a proporção da concepção clássica foram substituídas por novos estereótipos cujos padrões variam conforme o tema em questão. A integração ambiental e o minimalismo arquitectónico. A escolha apurada de materiais e representativismo das instalações. A botoxização facial e a magreza, por vezes excessiva, dos corpos femininos.

O feio surge como uma antítese do belo. As múltiplas definições de beleza ao longo dos séculos não foram acompanhadas por definições do feio. Mas há também um lado carinhoso, benevolente, enternecedor no feio. Se esteticamente é repugnante, assustador e merecedor de afastamento, o carácter enternecedor torna-o objecto de apreço e carinho. Atentemos nas figuras de Quasimodo e de Vincent, o corcunda e o monstro.  O mesmo já não acontece com Jean-Baptist Grenouille, personagem incapaz de obter um sentimento positivo que seja. A sua incessante busca pelo perfume doce, perfeito, belo é duma fealdade atroz.

A mudança do paradigma do belo e do feio é constante e evolui nas diferentes épocas, subjugado ao status quo vigente, muitas vezes definido por razões aleatórios fugindo do padrão estético convencional.

Orfeu desceu ao reino dos mortos para resgatar Eurídice. Cantou acompanhado pela sua lira e a magia da sua voz permitiu trazer de novo a sua ninfa. Mas cedo olhou para trás perdendo Eurídice de novo. E ficou na margem do rio sem comer ou dormir sete dias, vagueou pelo mundo até ser morto pelas mulheres de Trácia que já não aguentavam o seu desespero.

Gluck compôs a ópera num formato linear, simples e sóbrio dando primazia à acção dramática.

A perseverança ou, como agora é moda dizer, resiliência de Orfeu é um atributo bastante necessário no período atual, onde se confunde o importante com o acessório,  onde a aparência é melhor que a realidade, onde a capa de bom samaritano esconde a hipocrisia moral. Vivemos a necessidade de descer ao inferno. De trazermos a nossa Eurídice sem cairmos no erro de olhar para trás e desfazermos os sonhos que breve serão realidade.  A aplicação deste conceito serve ao campo pessoal, laboral, social, económico e político. Os exemplos multiplicam-se. Mas como Jean-Baptist Grenouille, sob a capa bonita da perfeição o estrago tem-se multiplicado e os exemplos seguidos são sempre os piores. Virar o azimute neste período é a mudança que se impõe e saber fazê-lo de modo adequado é fundamental. Orfeu cometeu dois erros, não acreditou e não soube viver a mudança.

Charlie Brown diz: Só se vive uma vez, Snoopy.

Ao que Snoopy responde: Errado! Só se morre uma vez. Vivemos todos os dias!

26
Ago22

Morning Jazz

Paulo L

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Ainda a madrugada lentamente dava lugar aos primeiros raios de sol quando pus a água a aquecer para o matinal chá preto dissuasor de qualquer resto de sonolência que teimasse persistir.

Nas notícias, como sempre, nada de jeito e a opção foi a música. O sol prometia-se bom ancorando mais um simpático dia de férias, deixando antever uma caminhada junto à praia. Highway rider de Brad Mehldau foi a escolha inconsciente enquanto vagueava os olhos pelas inúmeras solicitações de livros de verão anunciados, novos e republicados, agora em período de aclamada feira do livro. Talvez passe por lá.

Highway rider é uma estrada que deve ser percorrida, que conta, entre outros, com o saxofone de Joshua Redman. Lançado em 2010 mantém uma sonoridade actual, desenvolvendo-se ao longo dos temas como uma viagem com altos e baixos, mas aprazível e enriquecedora.

A ménage a trois completa-se com uma leitura. Sol, música, livros.  A escolha recai em Calvino e Se numa noite de inverno um viajante. E porque não numa noite de verão uma viajante? Sem bagagem, só o sorriso.

“A estupidez é de todos os tempos, mas cada tempo tem a sua estupidez” lê-se algures no segundo número da Electra.

Dar a primazia à opinião da influencer em detrimento da do especialista tornou-se numa das mais vulgares estupidezes atuais. Não ver os sinais que vão sendo dados, inicialmente de forma subtil, mas rapidamente ostensivos e inegáveis é outra forma de estupidez.

No mesmo número da Electra podemos ler mais adiante, “Deixem-me perguntar-vos uma coisa: alguma vez conheceram um ser verdadeiramente maduro ...? É possível que haja estados humanos de excepção aqui e ali, mas também estes mostram uma tendência para resvalar na imaturidade.”

A propósito, eu não gosto das obras do Pedro Cabrita Reis. Pode ser uma estupidez ... Pasme-se!

 

 

 

 

23
Jul22

Enquanto o chá arrefece

Paulo L

Sozinho, sentado na poltrona da sala que agora se habitua a uma regular companhia, mantenho distante o vazio olhar por detrás da fina pelicula que a lágrima deixou.

Vagueia o pensamento e as histórias vão passando, uma a uma, como as 55 cidades que Marco Polo descreve a Kublai Khan.  O relato do visionário viajante ao melancólico imperador nada tem de real, mas permite uma expansão de pensamento e a absorção dessa própria irrealidade como se da mais pura verdade se tratasse. A impossibilidade da constatação factual transforma a crença numa verdade imaginada, contudo nada tem de real. Assim se desenrola a acção de “As cidades invisíveis” de Italo Calvino.

A questão põe-se quando o contrário também é verdade. Por muito inverosímil que seja a história, ela é real. Precisamos de escutar o tempo; interpretar quais os sinais que trouxe e o que ainda terá para dizer. O futuro só será uma incógnita se não atentarmos ao passado. Chamo a atenção muitas vezes à importância que temos que dar ao histórico, não só não o pondo de lado, mas apreciá-lo na sua forma evolutiva. Quais os desenvolvimentos que teve e onde poderá vir a desaguar. E não esquecer isto é fundamental para a interpretação das ocorrências futuras.

Por casualidade entrei numa sala tendo imediatamente desviado o olhar para uma reprodução do “Jardim das delícias terrenas” do Hieronymus Bosch que é um quadro que eu gosto muito pela sua visualidade e representação. Se aqui falamos dos prazeres carnais e da loucura, viajando do paraíso ao inferno, nem sempre a vida se desenrola desta maneira e a mais insana atitude pode estar alicerçada no mais puro sentimento. É difícil de perceber, mas tem que ser entendido. Deixemos esta representação e passemos ao paralelismo gráfico. O conjunto abundante de elementos dispersa a interpretação do quadro para uma alegoria simbólica em que a representação de cada elemento se perde no todo, mostrando a ideia e não o pormenor.

Olhemos para Caravaggio e para a minha interpretação de muitos dos seus quadros. Vemos sempre um importante jogo de luz. Há descrições de que o pintor a primeira coisa que fazia ao preparar a cenário onde ia pintar era tapar todas as janelas deixando apenas passar a luz para as zonas do quadro onde as queria iluminadas. Aí pintava o que queria mostrar mantendo o resto numa tonalidade escura fazendo sobressair ainda mais a luminosidade do motivo. Chamar a atenção ao pormenor é também muito importante. Mas mostrar só o pormenor, nalgumas circunstâncias impede uma visão global. Mas se partirmos do ponto que nos é mostrado e expandirmos o olhar nas restantes direções vamos perceber os pormenores da subexposição. Eles estão lá, só não são captados na primeira apreciação. E tudo isto faz de Caravaggio um dos meus pintores preferidos.

O que têm em comum Calvino, Bosch e Caravaggio? Exatamente aquilo que não se vê no primeiro olhar, no primeiro comentário, no primeiro julgamento. Deixemos o tempo mostrar.

E o meu Bouddha Bleu leve, suave, com um toque de doçura e uma tonalidade azulada da folha foi arrefecendo ao ponto de ser apreciado em toda a sua plenitude.

 

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