Uma forma estranha de nos gostarmos
Tive sempre alguma dificuldade com Gabriel García Márquez. Apesar de todas as críticas, dos comentários, de perceber a narrativa e compreender a história de várias gerações de uma família, com os seus encontros e desencontros, amores e desamores, evoluindo e retrocedendo conforme a época, a pessoa, o estado de espírito e a necessidade de consumar relações, embora tudo isto feito na mais desesperada das solidões e com isto reescrever a história duma América Latina dilacerada por constantes guerras, muitas vezes duma inutilidade atroz. A solidão e a estranha forma de amar da família Buendía e as peculiaridades das relações familiares traduzem, a meu ver, as peculiaridades e as relações entre os diferentes países latino-americanos. Cem anos de solidão e eu mantemos uma similar relação. Uma forma estranha de nos gostarmos. Queria poder dizer mal mas não consigo.